Winston Churchill: Simplesmente, um grande homem, por João Carlos Espada.

Winston Churchill era abertamente um defensor do capitalismo e do comércio livre. Sabia muito bem que o nazismo e o comunismo pretendiam substituir os mecanismos de mercado e a propriedade privada por uma economia centralizada e militarizada. “Entre as doutrinas do camarada Trotsky e as do dr. Goebbels, deve haver espaço para cada um de nós, e mais umas quantas pessoas, cultivarmos as nossas próprias opiniões”. Esta é uma típica tirada churchilliana, que exprime o que poderíamos designar por “anticomunismo e antinazismo primários” – de que ele muito se orgulhava. Em 1936, num discurso contra as tiranias nazi e bolchevique proferido em Paris, Churchill exprimiu com clareza e vigor a sua repulsa pelo despotismo: “Como poderemos nós, criados como fomos num clima de liberdade, tolerar ser amordaçados e silenciados; ter espiões, bisbilhoteiros e delatores a cada esquina; deixar que até as nossas conversas privadas sejam escutadas e usadas contra nós pela polícia secreta e todos os seus agentes e sequazes; ser detidos e levados para a prisão sem julgamento; ou ser julgados por tribunais políticos ou partidários por crimes até então desconhecidos do direito civil?”
Ópio dos intelectuais  -  Hoje, estas palavras podem parecer banais. Mas, na altura, não eram. Na primeira metade do século XX, a maioria dos intelectuais na Europa não sentia grande entusiasmo pela democracia ocidental, para não dizer pior. Foi um período durante o qual o funcionamento das instituições políticas europeias, com excepção das britânicas e das suíças, foi perturbado pela guerra e pelas ideologias revolucionárias. Os intelectuais tendiam a ser entusiastas fervorosos das marés revolucionárias, fossem da esquerda ou da direita, do comunismo ou do nacional-socialismo. Os revolucionários apresentavam- -se como porta-vozes de um mundo novo. Havia que deixar para trás a inércia da democracia parlamentar e a mesquinhez comercial do capitalismo. A Inglaterra e a América eram vistas como símbolos do velho mundo. Dizia-se que estavam à mercê da “conspiração judaica” e da “plutocracia financeira mundial”. A Inglaterra e a América eram acusadas de resistir ao novo “Estado total”, centralizado e inovador, introduzido por Lenine e Trotsky, Mussolini e Hitler. Na Europa, muitas pessoas mostravam-se permeáveis às novas tendências: “Sim, o mundo está a mudar”, diziam, “e, tal como o mundo, também nós temos de mudar. A época do mercado livre e do parlamentarismo está a passar”. Churchill permaneceu imune à linguagem da revolução e da inovação. Dizia-se que era um conservador antiquado que não compreendia os novos tempos. Mas Churchill compreendia bem de mais os novos tempos. E não gostava daquilo que compreendia.Foi por ter assimilado tão profundamente a distintiva tradição política inglesa que Churchill se apercebeu imediatamente da ameaça revolucionária que representavam tanto o bolchevismo como o nazismo. CONSERVADOR ANTIQUADO Winston Churchill era um admirador da tradição liberal do seu país e do Império Britânico. Estudara Macaulay e aprendera que a Revolução Gloriosa de 1688 – a última revolução que ocorrera em Inglaterra – fora feita com relutância e com o objectivo principal de tornar desnecessárias futuras revoluções. A linguagem apaixonada da inovação também não o entusiasmava. Churchill estudara Edmund Burke e sabia que a monarquia parlamentar inglesa emergira da resistência contra o “despotismo da inovação” – promovido por monárquicos, ou por republicanos, que aspiravam ao poder absoluto. Por isso mesmo, Churchill fazia gala em mostrar-se bastante céptico relativamente a modelos de perfeição inovadores. “Temos de nos precaver contra a inovação desnecessária, especialmente quando é orientada pela lógica”, disse numa afirmação que ficou famosa, ao responder em 1942 na Câmara dos Comuns a uma proposta no sentido de se alterarem as designações do Ministro da Defesa e do Secretário de Estado da Guerra, por serem títulos ilógicos. CONTRA HITLER Em breves penadas, Churchill captou a essência dos dois populismos revolucionários. No caso de Hitler, por exemplo, recordou as suas origens modestas e o facto de não ter conseguido entrar para a Academia das Artes em Viena, bem como a sua vida de pobreza em Viena e mais tarde em Munique, por vezes como pintor da construção civil, frequentemente como trabalhador sem emprego fixo. Devido a estas circunstâncias, escreve Churchill, “[Hitler] nutria um ressentimento amargo, que ocultava, em relação ao mundo que lhe negara o êxito. Estes reveses não o levaram a ingressar nas fileiras do comunismo. Acalentava cada vez mais um sentimento anormal de lealdade racial e uma admiração fervorosa e mística pela Alemanha e pelo povo alemão. (…) Só e fechado sobre si mesmo, o pequeno soldado reflectia e especulava sobre as possíveis causas da catástrofe [a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial], orientado apenas pelas suas experiências pessoais limitadas. (…) A sua indignação patriótica fundiu-se com a sua inveja em relação aos ricos e afortunados dando origem a um ódio profundo”. EM DEFESA DO CAPITALISMO É importante recordar estas passagens do livro de Churchill sobre a Segunda Guerra Mundial – e poderíamos citar muitas mais – porque, durante décadas, a propaganda comunista e esquerdista tentou identificar Hitler com o capitalismo. Churchill nunca se deixou impressionar por essa propaganda. Era e permaneceu sempre um defensor do capitalismo e do comércio livre – como recordarei no próximo sábado – e sabia muito bem que o nazismo e o comunismo pretendiam destruir a economia de mercado. Queriam substituir os mecanismos de mercado e a propriedade privada por uma economia centralizada e militarizada. TIRANIA BOLCHEVISTA Em Janeiro de 1920, Churchill apresentou energicamente a sua opinião sobre a tirania bolchevique: “Acreditamos no governo parlamentar exercido em conformidade com a vontade da maioria dos eleitores, determinada constitucional e livremente. Eles pretendem derrubar o parlamento através da acção directa ou por outros meios violentos… e, depois, governar as massas da nação de acordo com as suas teorias, que nunca foram aplicadas com êxito, e por intermédio de grupos de políticos auto-eleitos ou panelinhas de adeptos. Eles pretendem destruir o capital. Nós pretendemos controlar os monopólios. Eles pretendem erradicar a ideia da propriedade individual. Nós pretendemos utilizar o grande trampolim da iniciativa humana como meio de aumentar o volume de produção em todos os sectores e partilhar os seus frutos de uma maneira muito mais ampla e equitativa entre milhões de agregados familiares. Defendemos a liberdade de consciência e a igualdade religiosa. Eles pretendem destruir todos os tipos de crença religiosa que têm constituído uma consolação e inspiração para a alma humana.” HESITAÇÃO TRABALHISTA Churchill percebeu desde o início que o objectivo do bolchevismo (como sempre lhe chamou) era a revolução mundial e expôs muito claramente a sua posição: “A revolução mundial é o objectivo bolchevique, que eles tentam alcançar tanto em paz como em guerra. Na verdade, a paz bolchevique é apenas uma outra forma de guerra. Se não estão de momento a tentar dominar com exércitos, estão a tentar minar com propaganda”. Esta posição levou Churchill a opor-se à ascensão do Partido Trabalhista na Grã-Bretanha, não só devido às suas propostas socialistas mas também, e talvez principalmente, devido à sua hesitação face à União Soviética. “Um governo trabalhista”, escreveu numa carta dirigida ao “The Times” em Janeiro de 1924, lançaria “uma sombra escura e maléfica sobre todas as formas de vida nacional”. Três dias mais tarde, quando o Partido Liberal se juntou aos trabalhistas com o intuito de derrotar os conservadores e fazer de Ramsay MacDonald (líder do Partido Trabalhista), o novo primeiro-ministro, Churchill voltou para o Partido Conservador – de onde saíra para o Partido Liberal em 1904. Na altura do regresso aos conservadores, em 1924, Churchill afirmou que só este partido oferecia uma base suficientemente forte para conseguir “a derrota efectiva do socialismo”. Resistir à tirania Foi como líder do Partido Conservador que Winston Churchill dirigiu o governo de coligação nacional e a resistência britânica ao nazismo. No seu primeiro discurso como primeiro-ministro na Câmara dos Comuns, a 13 de Maio de 1940, enquanto ainda estava a formar governo, Churchill anunciou o seu programa de resistência em palavras que ficaram célebres: “Nada tenho a oferecer senão sangue, esforço, lágrimas e suor. Temos perante nós uma ameaça da mais grave natureza. Temos perante nós muitos, muitos longos meses de combate e sofrimento. Perguntam- -me: qual é a nossa política? Eu direi que é a de fazer a guerra, por mar, terra e ar, com todo o nosso poder e com toda a força que Deus nos deu; fazer a guerra contra uma monstruosa tirania, nunca ultrapassada no lamentável catálogo do crime humano. Esta é a nossa política… Perguntam-me: qual é o nosso objectivo? Posso responder numa palavra: é a vitória. Vitória a todo o custo, vitória apesar de todo o terror, vitória por mais longo e árduo que o caminho possa ser; porque, sem vitória, não há sobrevivência.” TRADIÇÃO OCIDENTAL No próximo sábado, no último ensaio desta série, veremos como Churchill foi capaz de liderar a resistência ao nazismo e ao comunismo porque o seu entendimento da democracia liberal não era devedor dos preconceitos racionalistas modernos. Ele sabia que a democracia era a natural herdeira da tradição ocidental – cujos alicerces assentam nas tradições greco–romana e judaico-cristã, não tendo sido subitamente inventada pelo Iluminismo continental, muito menos pela Revolução Francesa de 1789. Churchill era abertamente um defensor do capitalismo e do comércio livre. Sabia muito bem que o nazismo e o comunismo pretendiam substituir os mecanismos de mercado e a propriedade privada por uma economia centralizada e militarizada Winston Churchill e o “mistério inglês” Em boa verdade, Churchill era extremamente sensível às condições sociais dos pobres. E aliava esta preocupação social à defesa intransigente da economia de mercado e do comércio livre. Para Churchill, como para a centenária tradição inglesa da liberdade exercida sob a lei, era que o poder político não deve prevalecer sobre os modos de vida reais e descentralizados das pessoas. A chamada “questão social” dominou os ataques às democracias ocidentais durante as décadas de 1920 e 1930. Era o tema dominante da propaganda nazi e comunista contra o chamado “capitalismo”. Winston Churchill nunca se deixou impressionar por esses ataques. Em boa verdade, Churchill era extremamente sensível às condições sociais dos pobres. E aliava esta preocupação social à defesa intransigente da economia de mercado e do comércio livre. MUDANÇA DE PARTIDO As questões da reforma social e do comércio livre – a que os conservadores se opunham – levariam Churchill a abandonar o Partido Conservador e a juntar-se aos liberais em 1904. Nos anos que se seguiram, como membro de governos liberais, Churchill promoveu várias reformas sociais importantes que atraíram a atenção de dois dirigentes socialistas da Fabian Society, o famoso casal Sydney e Beatrice Webb. “Um dos grandes acontecimentos dos últimos dois anos”, escreve Beatrice Webb no seu diário em 1910, “é que Lloyd George e Winston Churchill praticamente eclipsaram não só os seus próprios colegas mas o próprio Partido Trabalhista. Destacam-se como os mais avançados políticos.” E manifestou até o receio de alguns jovens membros da Fabian Society virem a “tornar–se adeptos destes dois dirigentes radicais”. NÍVEL MÍNIMO Churchill, no entanto, não tinha nada em comum com a ideologia do casal Webb, que advogava a igualdade e o controlo estatal. Churchill defendia que se devia garantir um nível de vida mínimo, e não que se devia promover a igualdade. Falando em Glasgow no Outono de 1906, Churchill explica: “Não quero retirar vigor à concorrência, mas há muito que podemos fazer para atenuar as consequências do fracasso. Queremos traçar uma linha abaixo da qual não permitiremos que as pessoas vivam e trabalhem, mas acima da qual poderão competir com toda a força da sua virilidade. Não queremos deitar abaixo a estrutura da ciência e da civilização – mas sim estender uma rede sobre o abismo.” Churchill chamava a esta rede sobre o abismo o “nível mínimo”. Incluía “níveis mínimos de vida e de salário, de segurança contra a possibilidade de cair na ruína devido a um acidente, a uma doença ou à fragilidade de carácter”. Seria uma rede de segurança promovida pelo Estado “por baixo (a um nível inferior) do enorme tecido desconjuntado de salvaguardas e seguros sociais que se formou por si em Inglaterra, mas não para o substituir”. PREMIAR O ESFORÇO Este sistema não devia, porém, desincentivar o trabalho esforçado, porque, como Churchill afirma: “Não se deve ter pena de ninguém por ter de trabalhar esforçadamente, porque a natureza inventou uma recompensa especial para o homem que trabalha esforçadamente. Proporciona-lhe um contentamento adicional, que lhe permite obter num breve momento, com base em prazeres simples, uma satisfação que o ocioso social procura em vão ao longo de vinte e quatro horas.” GOVERNO LIMITADO A principal razão pela qual Churchill se opunha ao comunismo e ao nazismo não era, fundamentalmente, uma questão de doutrina ideológica. Não contrapunha ao comunismo e ao nazismo uma doutrina sistemática rival. O que chocava Churchill era precisamente a ambição, tanto do nazismo como do comunismo, de reorganizar a vida social de cima para baixo, impondo aos modos de vida existentes um plano dedutivo baseado numa ideologia total. No cabo Hitler, no ex-socialista Mussolini e nos ideólogos comunistas Lenine, Trotsky e Estaline, Churchill via o fanatismo grosseiro de homens que queriam demolir todas as barreiras ao exercício irrestrito da sua vontade: as barreiras do governo constitucional, da religião judaico-cristã, do cavalheirismo, das liberdades civis, políticas e económicas, da propriedade privada, da família e de outras instituições descentralizadas da sociedade civil. TESTE À LIBERDADE Numa mensagem dirigida ao povo italiano em 1944, Churchill apresentou sete “maneiras práticas, bastante simples” de reconhecer a liberdade no mundo moderno: “Existe liberdade de expressão de opiniões e de oposição e crítica ao governo que se en- contra no poder? Os cidadãos têm o direito de destituir um governo que considerem censurável e estão previstos meios constitucionais de manifestarem a sua vontade? Existem tribunais que estão ao abrigo de violência por parte do executivo ou de ameaças de violência popular e sem nenhumas ligações com partidos políticos específicos? Poderão esses tribunais aplicar leis claras e bem estabelecidas que estão associadas, na mente das pessoas, ao princípio geral da dignidade e da justiça? Há equidade para pobres e para ricos, para os cidadãos comuns e para os detentores de cargos públicos? Existe a garantia de que os direitos dos indivíduos, ressalvadas as suas obrigações para com o Estado, serão mantidos, afirmados e enaltecidos? Está o simples camponês ou operário, que ganha a vida trabalhando e lutando diariamente para sustentar a sua família, livre do receio de que uma qualquer organização policial sinistra controlada por um partido único, como a Gestapo, criada pelos partidos nazi e fascista, lhe bata à porta e o leve para a prisão ou para ser sujeito a maus-tratos sem um julgamento justo e público?” Esta longa citação mostra que a questão crucial para Churchill, como para a centenária tradição inglesa da liberdade exercida sob a lei, era que o poder político não deve prevalecer sobre os modos de vida reais e descentralizados das pessoas. O espírito inglês Churchill exprimiu esta atitude de forma particularmente viva ao recordar a filosofia política de Sir Francis Mowatt, um alto funcionário público que servira tanto Gladstone como Diasraeli, os dois líderes rivais da Inglaterra vitoriana: “Ele representava a completa visão vitoriana triunfante da economia e das finanças: estrita parcimónia; contabilidade exacta; comércio livre, independentemente do que o resto do mundo pudesse fazer; governo suave e firme; evitar as guerras; apenas pagamento das dívidas, redução dos impostos e poupança; quanto ao resto – ao comércio, à indústria, à agricultura, à vida social – laissez-faire e laissez-aller. Deixemos que o governo se reduza e reduza as suas exigências sobre o público ao mínimo; deixemos que a nação viva de si própria; deixemos que a organização social e industrial tome o curso que quiser, sujeita às leis da terra e aos dez mandamentos. Deixemos que o dinheiro frutifique nos bolsos das pessoas.” Neste sentido, Winston Churchill era fundamentalmente um intérprete e um herdeiro daquilo que o historiador A. L. Rowse denominava “o espírito inglês”. A principal característica deste espírito é a ausência de Angst ou de ennui. “No centro do espírito inglês está a felicidade, uma fonte profunda de contentamento com a vida, o que explica o mais profundo desejo do inglês, o de ser deixado em paz, e a sua vontade de deixar os outros em paz desde que eles não perturbem o seu repouso.”

DISPOSIÇÃO PARA USUFRUIR Como disseram Bagehot e Oakeshott, trata-se de uma disposição para usufruir, um sentimento interior de felicidade, de celebração da vida. Trata-se da consciência de que é um privilégio poder usufruir de um modo de vida próprio, que nos é familiar e que não foi imposto do exterior. É uma atitude de cepticismo em relação a aventuras políticas, a modas intelectuais e a todo e qualquer especialista que afirme saber organizar melhor a nossa educação, a nossa cultura e a nossa vida espiritual. Em resumo, é uma disposição para desfrutar a liberdade – e para defendê-la a todo o custo.

CORRENTE DE OURO Esta disposição para usufruir a liberdade não nasceu em Inglaterra com o iluminismo ou com a Revolução Francesa de 1789. É uma disposição ancestral que, no plano político, remonta pelo menos à Magna Carta, de 1215. No plano cultural está expressa no mandamento cristão de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Churchill resumiu esta ideia quando apresentou a filosofia política de seu pai, Lorde Randolph Churchill, um destacado parlamentar conservador. Disse Churchill sobre seu pai: “[Lorde Randolph Churchill] não via razão para que as velhas glórias da Igreja e do Estado, do rei e do país, não pudessem ser reconciliadas com a democracia moderna; ou por que razão as massas do povo trabalhador não pudessem tornar-se os maiores defensores destas antigas instituições através das quais tinham adquirido as suas liberdades e o seu progresso. É esta união do passado e do presente, da tradição e do progresso, esta corrente de ouro [golden chain], nunca até agora quebrada, porque nenhuma pressão indevida foi exercida sobre ela, que tem constituído o mérito peculiar e a qualidade soberana da vida nacional inglesa.” Por outras palavras, nesta corrente de ouro reside a chave do mistério inglês a que dedicamos estes ensaios.  Início